Pecuária Sustentável no Pantanal: Um Exemplo para o Mundo

O Pantanal, maior planície alagada do planeta, é um ecossistema único, reconhecido por seu papel vital na regulação do clima, conservação do solo e armazenamento de água doce. Essa riqueza natural, somada à fertilidade das áreas alagadas e à abundância de gramíneas nativas, fez da região um polo da pecuária extensiva desde o século XVIII.

Atualmente, a pecuária pantaneira é a principal atividade econômica da região. Adotando uma baixa densidade de lotação (0,33 UA/hectare), ela se destaca pelo impacto ambiental reduzido. As características do bioma, marcadas por ciclos de cheias e secas, obrigam os boiadeiros a movimentar o gado periodicamente, o que inviabiliza sistemas intensivos, mas contribui para a preservação ambiental e a sustentabilidade.

Além de gerar impacto positivo no meio ambiente, essa prática garante a permanência de comunidades rurais, desempenhando um papel socioeconômico crucial para a região.

Tradição e Reconhecimento Internacional

Com três séculos de história, a pecuária pantaneira manteve métodos tradicionais, que só recentemente ganharam destaque no cenário nacional e internacional. Mato Grosso do Sul, estado que abriga parte do Pantanal, já responde por 10% das exportações brasileiras de carne.

Enquanto muitos países enfrentam limitações de terras para produção extensiva e adotam sistemas intensivos com altos custos e maiores emissões de gases de efeito estufa, o Pantanal oferece pastagens naturais. Esse manejo reduz quase a zero as emissões de carbono, ao mesmo tempo que promove a incorporação de matéria orgânica ao solo.

Integração Lavoura-Pecuária e Sustentabilidade

Modelos como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) estão ampliando a sustentabilidade na região. Esses sistemas combinam produção agrícola e pecuária, otimizando o uso da terra e garantindo recursos durante períodos críticos, como a seca.

  • ILP: Proporciona alimento contínuo para o gado, utilizando grãos para suplementação durante a seca.

  • ILPF: Integra áreas florestais às pastagens, oferecendo sombra para o gado, conforto térmico e maior bem-estar animal.

Esses modelos também promovem benefícios ambientais importantes, como o sequestro de carbono e a redução das emissões de metano por meio de forragens de alta qualidade e ciclos produtivos mais curtos.

Carne Sustentável e o Papel do Brasil

A adoção de tecnologias sustentáveis no Pantanal colocou o Brasil em destaque internacional. O sistema de Carne Carbono Neutro, apresentado na COP26, chamou a atenção de diplomatas estrangeiros, interessados em aprender com o modelo brasileiro.

Enquanto outros países enfrentam desafios para reduzir as emissões no setor pecuário, o Brasil mostra que é possível produzir carne de qualidade com zero emissões líquidas de carbono, respeitando a flora nativa e alcançando altos níveis de produtividade.

O Pantanal se consolida como um exemplo global de produção sustentável, provando que é viável alinhar preservação ambiental, desenvolvimento econômico e inovação tecnológica.

Fontes: WWF Brasil, Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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