Existem diversas polêmicas envolvendo o rendimento de carcaça, uma vez que o assunto geralmente é tema de debate entre pecuaristas e frigorífico.
De acordo com o Decreto 9.013 de 2017 (RIISPOA), a carcaça é composta pelo bovino abatido, sem cabeça, cauda, mocotós e couro. O rendimento de carcaça, então, é definido como a relação entre o peso da carcaça e o peso vivo do bovino abatido.
O excelente desempenho de rendimento de carcaça na balança do frigorífico envolve diversos aspectos dentro da porteira, como a nutrição adequada do gado, boa sanidade e a seleção de uma genética de elite. Muitas vezes os pecuaristas podem ter dificuldade de alinhar os três pilares, e por esse motivo o desempenho do rendimento de carcaça do rebanho não é o melhor possível.
Veja logo abaixo como os fatores citados podem interferir num excelente rendimentos de carcaça:
1 - Nutrição Adequada:
O manejo nutricional do rebanho é o que vai possibilitar o ganho de peso do gado. Por mais que pareça óbvio, uma dieta balanceada e que atende às necessidades nutricionais do rebanho deve ser alinhada com o tipo de produção para a qual está se destinando o gado.
A dieta para o gado que será destinado a produção de carne tipo commodity, por exemplo, necessita de um menor aporte calórico e energético do que a dieta do gado especializado para produção de carne com marmoreio. Sendo assim, o pecuarista deve estabelecer o objetivo da produção de carne para conseguir projetar o rendimento de carcaça esperado no frigorífico.
Além disso, o balanceamento adequado entre a proporção de volumoso e concentrado é ideal para evitar problemas metabólicos no gado confinado no período de terminação, que causam prejuízos econômicos aos pecuaristas e influenciam no ganho de peso diário do rebanho.
2 - Boa sanidade:
Os bovinos estão sujeitos a adquirir doenças infectoparasitárias durante todo o seu ciclo produtivo. Algumas doenças que acometem os bezerros, como as onfalopatias causadas pela cura inadequada do umbigo, podem causar perda dos animais ainda na etapa de cria, ou podem ainda repercutir num baixo nível de ganho de peso diário. Um baixo nível de GPD vai influenciar num menor rendimento de carcaça no frigorífico após o abate desse animal.
Outras doenças podem influenciar nas taxas de GPD, e por esse motivo é ideal estabelecer um calendário sanitário para os rebanhos, que deve incluir o plano de vacinação do gado e também o plano de aplicação de antiparasitários e produtos carrapaticidas. Mas, é importante sempre se atentar ao período de carência desses medicamentos e respeitar os prazos de aplicação dos mesmos, evitando qualquer tipo de problema com o frigorífico.
Além disso, a aplicação de vacinas e outros medicamentos deve ser sempre feita com agulhas novas e íntegras, e o gado deve ser contido de maneira adequada nos bretes no momento do manejo de vacinação. Isso vai prevenir a ocorrência de abscessos vacinais que, além de comprometer o rendimento de carcaças por conta da remoção de porções de carne contaminadas, podem gerar embargos e proibições na exportação da carne.
3 - Genética de elite:
Na formação de um rebanho comercial, a escolha de um reprodutor de elite é fundamental para atingir os índices desejados na balança do frigorífico. O reprodutor deve ser capaz de imprimir um ótimo acabamento de carcaça na progênie, além de ser capaz de gerar filhos precoces, que vão ganhar peso mais rapidamente.
O potencial genético para produção de carne do rebanho deve ser explorado através do manejo nutricional e, através da genética, também é possível selecionar animais mais resistentes a determinadas afecções, como animais resistentes à ectoparasitas e resistentes a problemas no casco, que podem impactar no seu desempenho produtivo.
Ijhadu da AT é um exemplo de reprodutor da Água Tirada que imprime ótimo acabamento de carcaça e possui filhos em centrais com marmoreio superior, possuindo aptidão genética para ganho de peso, musculosidade e produção de carne.
Os três fatores relatados influenciam diretamente o rendimento de carcaça no frigorífico, e devem ser sempre os pilares preconizados pelos pecuaristas na formação e no manejo dos rebanhos.